Tudo é triste no reino da metáfora.
O vermelho e o negro rebentam por si sós
um vive da morte do outro
e ninguém sabe despedir-se
(navalha de ponta e mola
um diz mata o outro esfola):
ninguém sabe despedir-se
estamos juntos para a vida.
Alguém pode achar alguma graça a isto?
Oh que nos põe mais alegres
qualquer metáfora:
O arco-íris encontrou
o seu sustento
nas trevas do centro da terra
(não sei se isto chega a ser uma metáfora
a ser, posso murmurá-la)
A raiz, o centro da terra, é o silêncio.
Habitamos, no entanto, à superfície
isso dá frutos e ruído
rape-se o que resta do tacho.
O certo é que uma coisa morde a outra
então, de que nos queixamos?
(...)
Sérgio Godinho
com a devida vénia, de O SANGUE POR UM FIO, Assírio & Alvim, Lisboa, Setembro 2009
Virei aqui mais vezes para ler alguns poemas, encher-me um pouco a alma que é pequena
ResponderEliminarObrigado
Caro Luis Nunes Alberto,
ResponderEliminarSerá sempre um prazer receber a sua visita. Digamos que neste blogue tento fazer uma pequena antologia sobre o silêncio, em poesia.
Obrigado.