A poesia é, de fato, o fruto
de um silêncio que sou eu, sois vós,
por isso tenho que baixar a voz
porque, se falo alto, não me escuto.
A poesia é, na verdade, uma
fala ao revés da fala,
como um silêncio que o poeta exuma
do pó, a voz que jaz embaixo
do falar e no falar se cala.
Por isso o poeta tem que falar baixo
baixo quase sem fala em suma
mesmo que não se ouça coisa alguma.
Ferreira Gullar
com a devida vénia de, Em alguma parte alguma, Ulisseia, Edição Babel, Lisboa, Outubro de 2010
Gostei muito de passar por este blog... as palavras de Manoel de Barros que abre o blog são muito verdadeiras! Abraço,
ResponderEliminarAraceli
Cara Araceli,
ResponderEliminarObrigado pela sua visita a este blogue onde o silêncio se modula (e até fotografa) das mais variadas formas.