com as palmas abertas
com a frescura de uma chama branca
com o ouvido atento às zonas verdes
com as raízes vermelhas da montanha
com as amendoeiras da inocência vegetal
com o sangue da terra e o sol estilhaçado
hei-de criar as árvores do meu canto
e erguer a delicada urgências dos dóceis animais
que pisam um solo de veias e de pequenas proas
e no fundo das pupilas há-de vibrar a água viva
das constelações lisas de olhos claros
a arqueada espada dos pássaros de pão
a antiga e clara rosácea do meio-dia
os vasos de veludo de um silêncio de neve absoluta
um caminho de sangue num calendário calcinado
António Ramos Rosa
in Pólen-Silêncio, Editora Limiar, Abril de 1992
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